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domingo, 28 de março de 2010

ENTREVISTA COM PROFESSOR CASCÃO

Darcy Junior de Aguiar (Professor Cascão, presidente do LuandAngola), nascido em Gov. Valadares, MG.

No ano de1982, hoje presidente do grupo LuandAngola, Exemplo de vida e
De trabalho no mundo da capoeiragem e na vida social.





JONAL LUANDANGOLA:

Professor Cascão, como foi seu primeiro contato com a capoeira?
Foi por meio do berimbau. Em certo domingo de missa, eu resolvi vigiar alguns carros na porta da igreja na intenção de conseguir uma grana para comprar um berimbau. Depois de trabalhar, fui até a um moço que os vendia para tentar comprar um. Ele não queria me vender, dizendo que eu não ia aprender a tocar e que capoeira não era minha praia, depois de muita insistência então mim vendeu. Aprendi a tocar sozinho. Depois de aprender a tocar fui procurar uma academia na esquina da minha casa na qual o professor Escorpião, aluno do Mestre Cotta dava aula por volta do Ano de 1990.

Por que o apelido Cascão?

Quando eu era moleque, gostava muito de brincar na rua, minha mãe sempre me chamava pra tomar banho quando ia caindo a noite e eu obedecia. Mas, depois, meus amigos começavam a brincar em frente à minha casa outra vez, então eu não resistia em somente olhar e ia também. Mais tarde eu tinha que tomar outro banho e aí eu não queria ir. Nessa história toda eu evitava o banho até que minha mãe me batesse. Então daí o nome Cascão.

Como funciona as regras dentro do LuandAngola?

O grupo ele tem uma diretoria para decidir, todos os rumos da entidade, por tanto, todas as decisões aqui são mediante reuniões composta pelos docentes o qual tem voz ativa para decidir. Registramos em cartório o compromisso com a comunidade, de ajudar, de preservar, de interagir junto a todos os órgãos, visando o bem a comunidade, portanto para o nós capoeira é um veículo de trabalho, e nosso meio de colaboração para com a sociedade, nos lugares onde o LuandAngola se encontra.

Algum momento marcante, nas rodas de capoeira?

Muitos, mas quando agachei ao pé do berimbau e escutei mestre João Grande cantar em uma roda em Nova York, foi uma emoção enorme, só quem é capoeira pra entender. Outra grande emoção que ainda me faz chorar, quando lembro, o dia que meu mestre me deu a camisa de capoeira. Eu estava numa roda, repleta de capoeiristas, e eu sem a camisa de capoeira, pois eu não podia comprar. O meu mestre olhou pra mim, tirou a sua camisa e jogou nas minhas mãos, dizendo: “ô filho... veste que é sua!” Aí vem o nó na garganta... Não há palavras...

Na sua opinião como está a capoeira em Minas Gerais?

Eu diria que está boa a nível técnico, comparando com outras rodas que já freqüentei pelo país e no exterior. Existem muitos bons capoeiristas aqui em Minas. Mas, a meu ver, ainda vemos muitos conflitos entre capoeiristas em algumas rodas. Falta união e, além disso, alguns capoeiristas ainda não aceitam um dialogo no jogo. E falta muita organização em alguns grupos.

Quais foram os acontecimentos mais importantes que você viveu através da capoeira?

Foram vários. Eu pude sair do país por meio da capoeira e conheci várias pessoas que hoje fazem parte da minha vida. Fiz várias boas amizades, viajei vários estados, cidades, realizei um sonho de conhecer a África..Fui educado na capoeira, portanto tudo isso que vivi e vivo acontece por causa dela.

Qual é a sua filosofia dentro da capoeira?

Treinar, viajar, preservar a saúde, evitar o álcool e as drogas. Fazer amizades boas, Sou exigente, sou inovador, sonhador, sou critico, adoro treinar, organizar, estudar e dar aula. Eu gosto de fazer tudo que pode ajudar a capoeira a crescer e os meus alunos a se desenvolverem nela. Tenho comigo que capoeira é arte, tamanho e força não devem ser medidos entre dois bons capoeiristas no meio da roda.

O que você mais gosta na Capoeira?

Eu gosto de tudo, cantar, compor, tocar, gosto das festas de capoeira, de fabricar meus instrumentos, gosto da mandinga, do bailado, do jogo, da rasteira e do levantar, do falar e do ouvir, em fim gosto de tudo que a capoeira tem.

Uma alegria: o dia que soube que eu ia ser papai

Uma tristeza: o dia que conheci a solidão e a fome.

O que a capoeira representa em sua vida?

Quase tudo: Deus vem em primeiro lugar, depois a família e a capoeira. Capoeira é meu caráter, meu ganha pão, minha fonte de amizade, minha forma de ser e minha filosofia de vida.

Gostaria de fazer algum agradecimento especial?

Sim, a Deus por ter me dado o maior presente do mundo ‘minha filha”, meus Pais, minha família, meus alunos, ao grupo LuandAngola e a todos os meus amigos que estão andando junto comigo nessa caminhada. Obrigado.

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